sábado, novembro 21, 2009

José Saramago - As intermitências da morte

José Saramago, nestas intermitências da morte apresenta uma situação caricata, com toda a sua ironia que lhe é característica.
A partir do momento em que se brinca um novo ano, a Morte resolve parar de matar, pois está cansada de ser detestada por todos. Esta atitude radical da Morte causa agitação, euforia e alegria a todos os habitantes desse país, menos aos realistas e pessimistas que mantinham uma opinião diferente. Apesar de serem imortais, as pessoas continuavam a envelhecer e mesmo às ditas portas da morte, ficavam ali, imóveis, à espera que a sua hora chegasse. Tudo isto trouxe um enorme caos para o país e esta ausência da destestada Morte torna-se um grande problema. As agências funerárias deixam de ter trabalhado, os hospitais e asilos ficam superlotados e o governo não consegue atenuar este grave problema, que no início parecia uma excelente notícia.
Os familiares, fartos de terem os idosos doentes em casa sem fim à vista, começam a levá-los para o outro lado da fronteira. Fizeram desta situação um negócio, pois surgiu a máfia que fazia o "favor" de os levar a passar a linha imaginária, a fronteira.
Devido a este caos originado pela sua ausência, a Morte resolve voltar, desta vez, com uma idéia original. Essa idéia tinha como objevtivo enviar uma carta, cor violeta, pelo correio uma semana antes da morte do destinatário, para que este se pudesse despedir dos ente queridos e resolver tudo o que tenha em atraso.
Estranhamente, uma dessas cartas volta para trás uma, dua, três vezes. Assim, a Morte resolve investigar e descobre que o seu destinatário é um violoncelista, solteiro, de quarenta e um anos, cujo seu único companheiro é um cão e que, devia ter ficado em sono profundo aos quarenta anos. A morte, para desvendar tamanho mistério, resolve transformar-se em mulher e entra na vida do violencelista, com o fim de entregar a dita carta.
Como é característico de Saramago, este romance é lento e gradual. Então, a Morte, após ter entrado na vida do tal músico, sente coisas que até então não tinha sentido nem vivido, acabando por se apaixonar pelo homem.
"As intermitências da morte" é uma obra cómica e crítica, ao jeito de Saramago, que ataca toda a sociedade. É um livro que faz com que vejamos a morte de maneira, totalmente, diferente.

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