domingo, outubro 05, 2008

Fernando Pessoa e a publicidade


"Primeiro estranha-se. Depois entranha-se." (Publicidade à coca-cola)

"Uma cinta Pompadour veste bem e ajuda sempre a vestir bem."

"Seja qual for a linha da moda na Toilette feminina é sempre indispensável uma cinta Pompadour."

"Eu explico como foi (disse o homem triste que estava com uma cara alegre), eu explico como foi..."Quando tenho um automóvel, limpo o. Limpo o por diversas razões: para me divertir, para fazer exercício, para ele não ficar sujo."O ano passado comprei um carro muito azul. Também limpava esse carro. Mas cada vez que o limpava, ele teimava em se ir embora. O azul ia empalidecendo, e eu e a camurça é que ficávamos azuis. Não riam... R camurça ficava realmente azul: o meu carro ia passando para a camurça.Afinal, pensei, não estou limpando este carro: estou o desfazendo."Antes de acabar um ano, o meu carro estava metal puro: não era um carro, era uma anemia. O azul tinha passado para a camurça. Mas eu não achava graça a essa transfusão de sangue azul."Vi que tinha que pintar o carro de novo. Foi então que decidi orientar me um pouco sobre esta questão dos esmalres. Um carro pode ser muito bonito, mas, se o esmalte com que está pintado tiver tendência para a emigração, o carro poderá servir, mas a pintura é que não serve. A pintura deve estar pegada, como o cabelo, e não sujeita a uma liberdade repentina, como um chinó. Ora o meu carro tinha um esmalte chinó, que saía quando se empurrava."Pensei eu: quem será o amigo mais apto a servir me de empenho para um esmalte respeitável?Lembrei me que deveria ser o Bastos, lavadeira de automóveis com uma Caneças de duas portas nas Avenidas Novas. Ele passa a vida a esfregar automóveis, e deve portanto saber o que vale a pena esfregar."Procurei o e disse lhe: Bastos amigo, quero pintar o meu carro de gente. Quero pintá lo com um esmalre que fique lá, com um esmate fiel e indivorciável. Com que esmalte é que hei de pintar?"Com Berry/Loid, respondeu o Bastos e só uma criatura muito ignorante é que tem a necessidade de me vir aqui maçar com uma pergunta a que responderia do mesmo modo o primeiro chauffeur que soubesse a diferença entre um automóvel e uma lata de sardinhas". (Publicidade às tintas Berry/Loid)


Fernando Pessoa, nos seus últimos dez anos de vida, para além de se dedicar à literatura, dedicou-se também à publicidade. Pessoa dizia que estudar o público era o mais importante para no fim o atingir. O primeiro slogan que compôs foi relativo à coca-cola, quando esta entrou no mercado em Portugal. "Primeiro estranha-se, depois entranha-se". Um slogan um pouco forte, quando se refere a uma bebida! Escreveu mais slogans a respeito das cintas Pompadour e as tintas. Fernando pessoa ficou tão empolgado com a ideia de fazer anúncios que obteve mais ideias para dinamizar a publicidade. Criou, assim, as palavras cruzadas publicitárias. Foi ele o homem que introduziu o conceito de marketing, até então desconhecido, em Portugal.
Pode concluir-se que Fernando Pessoa era um homem que se interessava por todos os ramos ligados à arte das letras, querendo sempre renovar o que sabia e fazer coisas novas, com sucesso!

quinta-feira, outubro 02, 2008

Os nossos olhos são diferentes todos os dias

Os nossos olhos são diferentes todos os dias. Todos os dias os nossos olhos vêem uma pequena parte das maravilhas que a vida tem para nos oferecer.
Se visitarmos novos sítios, os nossos olhos vêem paisagens e objectos nunca vistos até então. Em cada rua uma maravilha nova. Em cada esquina um mundo novo.
Ruas e ruas por visitar, com tudo diferente ao que nós observamos nas meras ruas em que passamos todos os dias; outras casas, outras caras, outros carros até, simplesmente, outro tipo de flores colocadas nas varandas…
Será que vocês nunca pensaram que ao passar por uma esquina, uma simples esquina, tinham um “novo mundo” diante dos vossos olhos? De certo não. Rara a pessoa que assim pensa.
Os nossos olhos são a luz da nossa vida, mostram-nos coisas maravilhosas às quais nós, frequentemente, não damos o devido valor.
Todos os dias temos um mundo novo à nossa frente, à espera para ser descoberto… E nós? O que fazemos? Olhamos! Simplesmente olhamos e, no fim de tanto olhar, viramos costas, como se nada se tivesse passado. Como se o que víssemos, no dia seguinte voltasse a aparecer. Como se o que víssemos fosse uma coisa natural. Natural até pode ser, mas é única! Única para os nossos olhos. Olhos esses que se esforçam para nos fazerem felizes, tentando por assim as coisas boas à nossa frente e escondendo, um pouco mal, mas com esforço, as coisas más e inúteis.
Devíamos começar a dar mais valor ao que de bom na vida temos!