sábado, janeiro 24, 2009

Eurico, o Presbítero

Alexandre Herculano de Carvalho e Araújo nasceu em Lisboa, a 28 de Março de 1810 e faleceu em Santarém a 13 de Setembro de 1877. A sua infância foi marcada pelos dramáticos acontecimentos da sua época: as invasões francesas, o domínio inglês e o influxo das ideias liberais, que causaram a Revolução de 1820. Foi um escritor da era do romantismo, um poeta português, um jornalista e um historiador. Herculano, juntamente com Almeida Garrett, é visto como o introdutor do romantismo em Portugal, desenvolvendo os temas do desacordo do homem com a sociedade.
O seu romance mais conhecido é intitulado como Eurico, o Presbítero, foi escrito em 1844. Esta sua obra fala do fim do Império Godo e também da conquista dos muçulmanos que avançaram pela Península Ibérica.
Eurico, o Presbítero, conta a história de um grande amor entre Hermengarda e Eurico. História passada no início do século VIII na Espanha visigótica.
Depois de uma grandiosa luta, em que Eurico saiu vencedor, este dirigisse ao Duque de Cantábria, Fávila, para pedir a mão da sua filha, Hermengarda, em casamento. Este seu pedido foi recusado, pois Eurico era um homem de origem humilde. Eurico ficou, assim, a pensar que a sua amada também o rejeitava por ser de famílias pobres, entregando-se ao sacerdócio.
A vida de Eurico, passa a ser monótona, resumindo-se às suas funções religiosas e à composição de poemas e hinos religiosos. Estas tarefas faziam com o que este pobre homem não se recordasse de Hermengarda. Tal rotina é quebrada quando Eurico sabe que os árabes invadem a Península Ibérica, tomando a responsabilidade d fazer frente ao avanço dos árabes, transformando-se assim, no Cavaleiro Negro. Quando a batalha está a ser dominada pelos Godos, os filhos do imperador traem o seu povo com intenção de assumir o trono. Este acontecimento, faz com os árabes fiquem com o domínio da batalha nas suas mãos. O Mosteiro da Virgem Dolosa é alvo dos ataques dos árabes. Estes raptam Hermengarda. O Cavaleiro Negro, juntamente com alguns guerreiros, conseguem salvá-la das mãos de um árabe que a tentava violar.
Hermengarda, perante Eurico, declara o seu amor por ele, mas este sabe que esse amor nunca se poderá concretizar, devido às suas convicções religiosas. Eurico revela-lhe que O Presbítero e o Cavaleiro Negro são a mesma pessoa, perdendo Hermengarda a razão. Eurico seguro das suas obrigações religiosas, parte para uma luta mortífera contra os árabes.

Em suma: a obra Eurico, o Presbítero, tem como ideologias a religiosidade e a pátria, as leis sociais, a exaltação do amor profano sobre o divino e sobre o maniqueísmo.

sexta-feira, janeiro 23, 2009

"Em Bernardim a melancolia mergulha no mais cruciante desespero, raiando pelo desvario de um fatalismo herético, muito diferente da anarquia heróica do lirismo camoneano" - Jorge de Sena


Menina e Moça, Bernardim Ribeiro


Pensa-se que Bernardim Ribeiro terá nascido em 1482 e que a sua vida terá terminado em 1552. Bernardim foi um escritor renascentista do nosso país. Frequentou a corte de Lisboa e colaborou no Cancioneiro Geral com outros tantos poetas lusitanos conhecidos. A sua linguagem foi caracterizada por ser arcaica, antiquíssima, e não erudita, sábia.
Esteve em Itália, onde adquiriu algumas inovações na literatura. Bernardim Ribeiro foi o homem que introduziu em Portugal o bucolismo. Este facto fez dele uma pessoa muito importante.
Os textos de Bernardim demonstram um pensamento pessimista, em volta do amor e da saudade.
Menina e moça, a sua obra mais conhecida, foi editada por três vezes no século XVI. Este seu texto representava vários assuntos da ficção, como a nível da história literária como a nível do conteúdo. Bernardim, a nível da história literária, escrevia sobre os elementos da novela de cavalaria e da sentimental e do romance pastoril. Enquanto que a nível do conteúdo, falava de um lugar de encontro, feminino e lamentoso, da Menina. O autor inicia o seu livro com um monólogo de evocação de deslocação e de mudança de vida. A Menina dirigia-se a uma Senhora, com a qual discutia histórias de amores infelizes. Cujas histórias desses desamores são a acção principal da obra.
A sua obra fala da nostalgia amorosa, desencontros amorosos, e do fatalismo do sofrimento. As constantes semânticas são a distância, a natureza, a mudança e o amor. Bernardim Ribeiro foi o primeiro escritor a deixar as convenções da ficção e assumir o estatuto de narrativa feminina da saudade e da solidão. Também neste livro, Bernardim enumera a análise penetrante e cautelosa do sentimento amoroso, no seu aspecto de entrega dedicada e dolorida.

“Menina e moça me levaram de casa de meu pai para longes terras; qual fosse então a causa daquela minha levada, era pequena, não na soube. Agora nao lhe ponha outra, senão que já então parece havia de ser o que depois foi. Vivi ali tanto tempo quanto foi necessário para não poder viver em outra parte. Muito contente fui eu naquela terra; mas coitada de mim, que em breve espaço se mudou tudo aquilo que longo tempo buscou e para longo tempo buscava. Grande desaventura foi a que me fez ser triste, ou que pela ventura me fez ser leda. Mas depois que eu vi tantas cousas trocadas per outros e o prazer feito mágoa maior, a tanta paixão vim, que mais me pesava do bem que tive que do mal que tinha.” - Menina e Moça, inicio