quinta-feira, junho 04, 2009

A Débil

Eu, que sou feio, sólido, leal,
A ti, que és bela, frágil, assustada,
Quero estimar-te, sempre, recatada
Numa existência honesta, de cristal.

(...)
















"Mulher com sombrinha" (1875), também conhecida como "Madame Monet e o filho". Famosa pintura de Claude Monet, pintor impressionista.


Cesário Verde fazia uma grande distinção entre o campo e a cidade. Sempre mostrou um grande apreço pelo campo. Para ele o campo era sinónimo de paz, saúde, fertilidade, amor, vitalidade, leberdade... Enquando que a cidade, para Cesário era sinónimo de poluição, monotonia e melancolia, vícios, fantasias, miséria e desprezo dos mais ricos para com os miseráveis.
Neste poema, Cesário Verde retrata uma mulher do campo na cidade. Daí a caracterizar como assustada e frágil, pois encontra-se num mundo que não é o dela, num mundo desconhecido a seus olhos. Ao dizer que a quer estimar, recatada, quer transmitir que não é por ir para a cidade que tem de mudar a sua maneira de ser, a sua maneira de ver o mundo. Que tem de ser tal e qual como era enquanto se encontrava no campo. Tem de conservar os seus costumes e as suas convicções.

Cesário faz a dita "arte pela arte", pois para ele nao importa o seu sentimento, preocupa-se com o que os seus versos transmitem e com o seu valor estético.

quarta-feira, junho 03, 2009

Cesário Verde - poeta ignorado e incompreendido pelo meio literário português


“Além de ser uma réplica do realismo irónico queirosiano (…) o realismo irónico de Cesário Verde será o seu esforço de autenticidade anti-retoricista, com versos magistrais, salubres e sinceros”

Com uma linguagem simples, nos seus sinceros e limpos versos onde trespassa um verdadeiro realismo, o Poeta faz uma profunda reflexão sobre a realidade da sua época. Cesário Verde utiliza um vocabulário corrente para despertar o interesse do leitor. Faz também com que o leitor tenha atenção a todos os pormenores, mas continuando a abrir-lhe novos horizontes. A sua poesia é como uma tela pintada, mas com palavras!
Cesário Verde, na sua poesia demonstra um grande apreço para com o campo em vez de ser para com a cidade. Para ele a cidade era uma imitação do estrangeiro, com pessoas arrogantes e fúteis, enquanto que o campo era caracterizado como um espaço de liberdade, alegria, paz, saúde, etc.
Cesário Verde nas suas composições poéticas utiliza o parnasianismo, que foi iniciado no século XIX, onde faz uma visão objectiva da realidade, usa uma linguagem precisa e faz a descrição dos objectos do quotidiano vulgar. «Arte pela arte», pois o objecto é mais importante que o criador.
Os seus poemas, com a junção dos estilos literários, são representações pictóricas da realidade.
Era impressionista, pois, para ele tinha de se captar impressões, descobrir o que esconde a realidade. Estas impressões eram obtidas através do movimento, do som e da luz. Sendo o impressionismo difuso, pois é possível fazer várias leituras daquele objecto.
Uma das semelhanças entre Cesário Verde e Eça de Queiroz é a utilização perfeita dos advérbios e adjectivos. Enquanto Eça de Queiroz é um escritor lírico romântico, que exagera no sentimento, na emoção o que é completamente diferente da realidade, Cesário Verde guia-se pelo realismo, abstraindo-se de emoções e sentimentos, representando nos seus poemas a verdadeira realidade.
Eça de Queiroz na sua escrita queria mudar o mundo, mostrar o lado bom e Cesário Verde não queria enganar, queria mostrar o verdadeiro mundo onde vivemos.
Cesário foi o impulsionador do modernismo em Portugal, influenciando os poetas que se seguiram.